Filho de Rosangela Penha dos Santos e Ludovico dos Santos, João Victor nasceu e cresceu em João Neiva e teve sua trajetória escolar toda nas escolas públicas do município. Aos 16 anos, o rapaz foi aprovado no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) de Colatina, tendo sua primeira experiência em uma instituição federal.
Durante o período do curso técnico, João Victor foi contratado como estagiário na Secretaria Municipal de Saúde de João Neiva (Semsa), onde teve a oportunidade de participar da Conferência Municipal da Juventude. Nessa mesma época ele já coordenava a Pastoral da Juventude na igreja Católica do município, mas conta que o interesse em contribuir com a juventude em nível de poder público surgiu da experiência que teve na convenção.
Foram três dias de muito conhecimento, experiências e desafios. Durante a conferência, João pode contribuir na reformulação do novo Conselho da Juventude no município de João Neiva sendo eleito presidente.
Sempre em buscas de novas experiências, o rapaz também teve a oportunidade de participar da Conferência Estadual da Juventude, onde se reuniu com cerca de 600 jovens para discutirem sobre políticas públicas para a juventude.
João Victor relata que sempre foi incentivado por sua mãe Rosangela a buscar sua graduação na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Assim, em 2013, após ganhar um bolsa em um cursinho pré-vestibular, foi morar em Vitória, capital do Espírito Santo.
Foi nesse cursinho que ele descobriu sua vocação para a área de Ciências Sociais. Após um ano de muita dedicação, o rapaz foi aprovado em cinco vestibulares, sendo três deles para faculdades federais.
O rapaz optou por realizar o sonho de sua mãe e iniciou seus estudos na UFES. Ao ingressar na faculdade, João começa a enxergar a realidade do local. A primeira delas foi em sua própria sala de aula, que de 40 alunos, apenas quatro eram negros.
Diante dessa situação, o jovem foi em busca de defender e contribuir na validação dos direitos para negros, tendo seu primeiro contato com o grupo Coletivo Negrada, onde participou de um projeto que realizava ações nas escolas públicas dos municípios da Grande Vitória. O grupo leva informações para os alunos sobre cotas, acesso à universidade e cursinhos preparatórios, mostrando aos estudantes que a universidade era algo possível para a realidade deles.
João conta que também participou do Empoderamento dos Estudantes Negros dentro da UFES, que incentivava os alunos negros a assumirem sua estética, cabelo e vestimentas. Contribuindo na construção de uma identidade positiva, levando esses jovens a praticarem o orgulho negro.
Toda essa experiência contribuiu para que João Victor se tornasse uma referência na luta contra o racismo e ganhasse seu devido reconhecimento. Sendo algumas delas a comenda "Zacimba Gaba", entregue pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, e a uma medalha de honra ao mérito, entregue pela Câmara Municipal de Vitória.
Nessa mesma época, João foi convidado a participar do Conselho Estadual da Juventude, sendo na época o mais jovem a integrar o grupo, e contribuindo com toda a experiência adquirida nos anos em que esteve à frente do conselho em João Neiva.
Durante esses aos, o rapaz ocupou o cargo de vice-presidente e desenvolveu diversos projetos voltados para políticas públicas de juventude, como:
• Concessão da Conferência Estadual da Juventude em 2015, onde conseguiu garantir a realização da conferência mesmo com o orçamento reduzido devido à crise e ajuste fiscal da época, com uma participação massiva da juventude de todas as regiões do Estado.
• Articulação do ID jovem, que garantiu a gratuidade no transporte público interestadual para jovens de 25 a 29 anos, com renda familiar abaixo de 2 salários mínimos, favorecendo muitos jovens a nível nacional.
• Participou do projeto "Ocupação Social “, onde, através de uma pesquisa conseguiu visualizar a realidade da juventude capixaba. Assim, propondo ações que alcançaram a juventude dos bairros mais violentos de Vitória.
• Estágio Jovens Valores
Ainda no Conselho Estadual, ele tentou promover uma aproximação maior dos municípios do interior com o Palácio Anchieta, onde esbarrou em muitas dificuldades. "Infelizmente o governo ainda não leva muito a sério a pauta da juventude. Os jovens são marcados pelo estereótipo da violência, e isso dificulta o crédito nas ações voltadas para as juventudes", relata João Victor.
Durante sua vida acadêmica, João foi bastante ativo na luta por direitos dos jovens. Em 2016, ele coordenava o Risoflora, um cursinho popular no bairro Goiabeiras que atendia cerca de 100 alunos por ano com aulas de reforço escolar e de conscientização cidadã, além de oferecerem três refeições diárias como café da manhã, almoço e café da tarde.
Após conquistar o tão sonhando diploma, João Victor não parou de buscar conhecimento. Atualmente ele Mestrado em Ciências Sociais, com ênfase em pesquisa sobre Sucesso Eleitoral e a Trajetória de Parlamentares Negros no Congresso Nacional e na Câmara dos Deputados.
Ele conta que tem o sonho de voltar a morar em João Neiva para realizar projetos voltados para aos jovens do município, utilizando todo o conhecimento que adquiriu ao longo dos anos.
Texto: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Juventude (Semuc)